terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Profecias apocalípticas voltam à tona após renúncia do Papa

Sempre comentadas e cercadas de mistérios, as profecias sobre o fim do mundo ganham força quando ocorre algum fato ou fenômeno de grande repercussão – como o suposto fim do calendário maia em dezembro passado. Na última semana, após o anúncio da renúncia do papa Bento 16, que acontecerá no fim de fevereiro, não tardaram a circular teorias com as piores previsões possíveis, do fim do mundo ao fim do catolicismo. Mas será que alguma delas resiste a uma avaliação racional?

Veja a trajetória do papa Bento 16

Uma das profecias, atribuída a São Malaquias, afirmaria que o próximo papa seria o último antes da destruição de Roma e do fim do catolicismo. A previsão é baseada em um documento que teria sido escrito pelo bispo Malaquias, no século 12, com 112 breves descrições sobre cada um dos papas que a igreja teria, a partir do ano de 1.143. Na interpretação, a divisa 111 refere-se a Bento 16 como o penúltimo a comandar a igreja. Já o lema de número 112 falaria sobre o último pontífice a exercer o cargo, nomeado como “Petrus Romano”, ou Pedro Romano.

O escritor Wilson A. De Mello Franco, autor de mais de 30 livros digitais sobre profecias, acredita que o nome Pedro é uma indicação de que o próximo papa possa ser Peter Turkson, cardeal de Gana, o que levaria a igreja a ter o primeiro pontíficie negro.

No entanto, para a socióloga Brenda Carranza, pesquisadora na área de sociologia da religião e autora do livro “Catolicismo Midiático” (Ideias & Letras, 2011), a possibilidade de ter um papa negro não se trata de profecia, mas de uma alternativa real. “Existem, sim, africanos que teriam condições de se tornarem papas. O que não tenho tanta certeza é que seja o momento no jogo de forças instituicionais que este critério prevaleça”, analisa.

De qualquer maneira, as profecias são contestadas. O teólogo e filósofo Jung Mo Sung, professor de ciências da religião da Universidade Metodista, diz que é preciso cautela quando se fala no documento atribuído a São Malaquias, pois há dúvidas sobre a autenticidade do conteúdo. “Há uma discussão se o texto é verdadeiro ou se seria uma falsificação feita no século 16”, comenta.

Para o padre e professor Valeriano da Costa, diretor da Faculdade de Teologia da PUC-São Paulo, a previsão atribuída ao santo não tem comprovação científica, nem bíblica. “Eu não conheço nenhum texto de profecia de São Malaquias e duvido que isso tenha um fundamento verdadeiro”, diz. Segundo Costa, as teorias sobre o fim da humanidade na igreja católica se baseiam apenas em trechos da Bíblia. “A escritura diz que um dia chegará o final dos tempos, mas este dia é insondável”, afirma o religioso.

Nostradamus: adivinho do futuro?

Outra profecia sempre recorrente é a de Nostradamus. Em “As Centúrias”, o médico que viveu no século 16 teria escrito versos agrupados em quatro linhas (chamados de quadras), que conteriam previsões codificadas sobre fatos do futuro. Entre elas, ele teria revelado a Revolução Francesa, a ascensão de Hitler e o fim do fascismo na Itália.

A respeito do futuro da igreja também haveria previsões. No entendimento de Mello Franco, a quadra de número 99 falaria da mudança de sede da igreja, que deixaria Roma e iria possivelmente para Jerusalém. “As quadras de Nostradamus são como a página de um livro recortada em vários pedaços. Existe um código ali que precisa ser montado e que gera interpretações. Não é determinismo”, admite.

Embora muitos acreditem no “acerto” das profecias de Nostradamus, o filósofo Jung Mo Sung diz que ele não pode ser visto como um “adivinho do futuro”, mas, sim, um escritor que fazia uma espécie de crítica do que estava acontecendo na época. Para ele, as quadras são analisadas de diversas maneiras, dependendo do olhar de cada um. “Uma palavra pode ser interpretada de 50 mil jeitos. Pegam-se frases obscuras e começam a criar relações”.
O historiador André Chevitarese, professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro, também ressalta que é preciso considerar o contexto de cada previsão. “Para nós, as profecias podem soar um tanto quanto sem base, lidas ou ditas por pessoas carentes de um referencial científico. No entanto, os profetas têm o seu valor por retratarem o cenário de uma época”, diz.

Desta forma, Chevitarese explica, Nostradamus e outros denominados profetas devem ser encarados como pessoas que faziam o retrato de um período da história. “As ditas profecias de São Malaquias mostram, por exemplo, uma época que a igreja católica tinha um papel decisivo e predominante. Ele defendeu a ideia de que sem um papa o mundo cairia em um abismo violento”.

Sinal dos céus?

Para quem crê em profecias, até mesmo a queda de um raio em cima da Basílica de São Pedro, no Vaticano, algumas horas após o anúncio da renúncia do papa Bento 16, pode ser vista como um sinal sobrenatural.

O fato é que o fenômeno meteorológico é comum nesta época do ano em Roma, que costuma ter invernos chuvosos. No dia 11 de fevereiro, uma tempestade caiu na região, e veio acompanhada de raios. “Foi uma absoluta coincidência”, diz Joselia Pegorim, meteorologista do Climatempo. “Normalmente, o que acontece é que descargas elétricas são atraídas por elementos pontiagudos, como o que tinha no alto da cúpula da igreja”, esclarece a especialista.




Fonte: iG
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